Capacidade de Abstração para ensinar
abril 18th, 2019 by EIToolsCONTEÚDO IDEAL PARA CLIENTES COM
Águia Baixo/Baxíssimo: que tenham dificuldades para lidar com o mundo ambíguo, não linear e não concreto das ideias
Lobo Alto/Altíssimo: que sempre abordam as novas ideias com a mesmas maneiras de ver, levando às mesmas conclusões
Tubarão Baixo/Baixíssimo: que não desenvolveram um vocabulário lógico mínimo para elaborar raciocínios mais complexos
CONSEQUÊNCIA
Cada vez mais o mundo se move do concreto para o abstrato. Quanto melhor for sua capacidade para formar boas ideias abstratas, maior será o seu valor como profissional, como realizador, como agente de mudança real no mundo. Isso porque uma boa capacidade de abstração é fundamental para o diálogo, a troca, a inovação e a colaboração.
Do contrário, há um custo alto no uso inadequado da poderosa habilidade que você tem para abstrair. Esse custo se revela quando você fica no mundo das ideias e não desce para a terra (para o concreto) com a frequência adequada para aferir sua validade quando postas à prova no mundo real. E também quando há confusão e falta de clareza nas suas abstrações, o que torna tudo mais complexo e difícil de se converter em valor concreto.
Isso é válido para sua carreira, para seus projetos e para sua vida. É preciso ter um equilíbrio para conectar o pensar com o agir. Isso vai evitar que você viva no mundo de ideias que nunca se realizam.
A arte de definir o que é ou não relevante para a construção de um modelo de negócios chama-se “capacidade de abstração”. Abstrair é “remover”. Tudo em maior ou menor grau.
CONTEXTO
“Ver diferente é a condição necessária para continuar a ver”
Gaston Bachelard
O processo mental de nossas ideias concretas é a ideia fundamental do pensamento abstrato. Este processo tem sido analisado a partir de duas perspectivas: a filosófica e a psicológica.
Filósofos como Platão e Aristóteles refletiram sobre o pensamento abstrato. Platão mostrou que a matemática está baseada neste tipo de pensamento, já que os conceitos matemáticos são elaborações do intelecto obtidas pela própria mente sem necessidade de experiência (as verdades matemáticas não exigem demonstração empírica).
Para Aristóteles, o pensamento abstrato é baseado na operação mental, onde a razão capta a essência de algo.
As reflexões sobre a natureza do pensamento abstrato continuaram com as abordagens empiristas (a abstração está baseada na observação da realidade) ou com as abordagens racionalistas (a capacidade de abstração é uma faculdade mental independente da experiência).
Do ponto de vista da psicologia, o pensamento abstrato é o resultado da evolução mental dos indivíduos. É a partir dos 11 anos aproximadamente que as pessoas passam a lidar com um pensamento ou raciocínio abstrato. Algumas correntes da psicologia acreditam que a chave do pensamento abstrato está no papel da linguagem, enquanto outros argumentam que o elemento fundamental é a atividade neural.
A dimensão prática do pensamento abstrato
Além das teorias filosóficas ou psicológicas, o conhecimento do pensamento abstrato está relacionado com questões bem específicas. Assim, através de determinadas provas ou testes psicométricos, é possível determinar se uma criança desenvolveu o raciocínio abstrato ou se precisa de algum tipo de reforço.
Os exercícios de raciocínio abstrato são usados também para ativar a mente em caso de acidentes vasculares cerebrais ou para retardar o declínio mental. O pensamento abstrato está presente em todo tipo de situação. Por exemplo, quando calculamos mentalmente um desconto; quando queremos dar a definição de algo; ou quando tentamos resolver um jogo de palavras cruzadas.
NA PRÁTICA
Pensar em termos de abstrações é um dos traços mais importantes do comportamento humano. É uma habilidade que envolve a capacidade de sintetizar fatos particulares para o estabelecimento de uma certa teoria sobre algo. O oposto de “abstração” é “especificação”, que é a quebra de uma ideia ou teoria em seus fatos e eventos concretos.
Em algum momento da história, um dos nossos antepassados resolveu usar essa habilidade. Ele abstraiu de um objeto específico, uma pedra com bordas afiadas, o conceito de “instrumento cortante”, usando-o para criar inúmeros outros objetos “da mesma classe” ou “da mesma categoria”.
Enquanto que o objeto “pedra com borda afiada” resolvia um tipo de problema específico e de forma específica, a categoria “instrumento cortante” poderia resolver uma infinidade de outros problemas usando infinitas formas diferentes. Como se pode ver, há muito valor naquela “pedra com borda afiada” que nosso antepassado encontrou por acaso, mas a ideia de “instrumento cortante” tem muito mais valor.
Muitas vezes, quando damos saltos de valor econômico na história humana, o fazemos porque criamos abstrações, novos conceitos que revolucionam a forma como vivemos e como interagimos uns com os outros.
Vamos analisar, por exemplo, a transição tecnológica dos grandes players mundiais na área de TI dos últimos 50 anos. Primeiro veio a IBM, que fabricava computadores, máquinas. Coisas que você toca, ou seja, coisas concretas. Depois veio a Microsoft. Ela superou a IBM em volume de negócios e em capacidade de transformar o mundo, mesmo considerando que seus produtos ainda dependiam das máquinas produzidas pela própria IBM para funcionar. Mas era um tipo novo de produto. Você ainda podia comprá-lo e levá-lo pra casa — ainda existiam as caixinhas do produto, os CDs, DVDs ou os antigos disquetes — , mas não havia nada concreto no produto em si. Apenas padrões de pensamento encapsulados em um algoritmo comportamental descrito em um tipo especial de linguagem capaz de ser interpretada pelas tais máquinas produzidas pela IBM. Nada poderia ser mais abstrato do que isso… Será mesmo?
O terceiro salto de abstração foi o Google. E lá ficou a Microsoft para trás. Com apenas uma tela, uma caixa de texto e um botão, o Google superou a Microsoft, eliminou tudo que restava de concreto e mudou o mundo. O Google abstraiu o próprio conceito de produto. Este não é mais algo que você compra. O produto do Google são os próprios consumidores que usam seu software. Não há mais caixinha pra comprar. Diferente de um produto concreto, como um computador, ou um carro, cujo uso vai depreciar o valor do produto; quanto mais você usa um produto do Google, mais valor ele tem. Uma mudança de entendimento econômico sem precedentes. Causada por saltos de abstração.
Tudo indica que os saltos de abstração continuarão. Veja o seu antigo e concreto relógio despertador que antes ficava no criado-mudo ao lado da sua cama. Era uma coisa, com um corpo. O smartphone o fez retornar para o mundo das ideias abstratas. Agora é só uma ideia implementada por um algoritmo em seu celular. Podemos dizer o mesmo da câmera fotográfica, da filmadora, da calculadora, da agenda, do bloco de anotações. Gradualmente, os objetos estão sendo sugados de volta para o mundo das ideias. O mundo do qual um dia nasceram.
Essa é só mais uma expressão da nossa incansável capacidade de abstração agindo concretamente no mundo. Bom, e o que isso tem a ver com você? O valor cada vez mais se move do concreto para o abstrato (sintetização). Quanto melhor for sua capacidade para formar boas ideias abstratas, maior será o seu valor como profissional, como realizador, como agente de mudança real no mundo.
Tudo muda quando você aprende a extrair os conceitos dos fatos e eventos à sua volta de forma a sintetizá-los em novas ideias que o ajudarão a agir e a se posicionar concretamente no mundo. É a integração entre o pensar e o agir: um ‘ethos’. É nesse momento que você percebe o valor da abstração.
Agora, essas abstrações precisam servir de base para gerar novas ações concretas no mundo (especificação). É nesse momento que você aprende o custo da abstração. Ao mesmo tempo em que as abstrações nos dão o poder da potencialidade, elas nos distanciam dos problemas reais. Para resolver problemas, para agir no mundo, é preciso tocar o concreto.
A sabedoria está no caminho do meio, no correto equilíbrio entre o pensar e o agir, mais especificamente pensar para agir e agir para pensar. Em resumo, primeiro é preciso enxergar e aprender sobre o valor do abstrato para depois agir no concreto.
É preciso também buscar clareza, um dos atributos mais valiosos de quem busca por sabedoria, de quem busca potencializar sua capacidade de articular ideias e de entender como integrar o abstrato com o concreto na medida certa.
CURIOSIDADES
Os efeitos da baixa taxa de abstração na capacidade de inovação
Uma baixa taxa de abstração coletiva, mundial, como é o caso, nos leva a situações interessantes (e trágicas), a saber:
– As pessoas se voltam mais e mais para objetivos menores, individuais e pouco coletivos;
– Agarram-se ao prazer imediato, tal como em adquirir bens materiais;
– Perdem a capacidade de planejar no longo prazo, apenas no curto;
– Aumenta-se, assim, a taxa de adoração material e reduz-se o espiritual (aqui entende-se como projetos coletivos da humanidade).
Como a realidade é imutável, pois é única e sólida, perdemos a capacidade de propor projetos coletivos, o que nos leva a nos voltar para o próprio umbigo, fortalecendo-se o individual em detrimento do todo.
Perdemos nossa capacidade de abstrair, de inovar, de sair da caixa para uma caixa maior (que seria mais espiritual = coletiva). E o mais interessante é que, quando estamos com essa baixa taxa de abstração, mais precisamos dela, pois tudo começa a mudar, a inovação começa a ser algo bem difundido, como foi depois da revolução cognitiva do papel impresso, que nos levou à renascença.
Estamos, portanto, amarrados, dogmática e dramaticamente, em uma caixa pequena, apertada, escura, com pouco ar, pois nosso “eu” colou na realidade.
Precisamos abstrair, inovar, criar, voar mas não conseguimos, pois fomos educados em um índice muito baixo de abstração e isso atinge também a Geração Y que, apesar de estar já no novo ambiente de forma integral, ainda é obrigada a frequentar a escola da ditadura cognitiva passada e ir para o mesmo espaço intoxicado dos ambientes organizacionais. É um dilema grave.
Fonte: https://imasters.com.br/devsecops/a-baixa-taxa-de-abstracao
FONTES CONSULTADAS
Sites e blogs:
http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/pensamento.html
https://www.significados.com.br/abstracao/
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/inteligencia-multipla-abstrata/37983
Livro:
Semiologia Neurológica
https://bit.ly/2C26d94
NUNES, Magda Lahorgue; MARRONE, Antonio Carlos Huf (orgs). Semiologia neurológica. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2002.
VÍDEOS SUGERIDOS
O Poder Do Pensamento Abstrato – Distância Psicológica
[https://youtu.be/Mu_5gUQuMMQ]
O aprendizado do concreto ao abstrato
[https://youtu.be/lZGTf8sqrkE]
Abstração
[https://youtu.be/32s11sj2q1o]
ARTIGOS SOBRE RACIOCÍNIO ABSTRATO
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712010000200002
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v4n1/a03v04n1.pdf
http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v29n1/a02v29n1.pdf
BIBLIOGRAFIA – LIVROS SUGERIDOS PARA LER
Você pode ler e recomendar os seguintes livros para quem será treinado. Se possível, busque por resenhas que podem contribuir para uma compreensão mais abrangente.
O livro mostra que a matemática não se limita a incidentes abstratos. Ela está em tudo que tocamos e vivemos, e se relaciona a questões do nosso cotidiano. Munidos dos instrumentos matemáticos adequados, podemos saber o verdadeiro significado de informações que antes considerávamos inquestionáveis. Quanto tempo antes devemos chegar ao aeroporto para não perder o voo? Há um método infalível para ganhar na loto? Aliás, é um bom negócio ganhar na loto? Como se devem contar os votos numa eleição democrática? As pesquisas eleitorais são confiáveis? Por que pais altos têm filhos mais baixos que eles? As respostas que a matemática dá a essas e outras perguntas surpreendem, mas Ellenberg guia o leitor pelo aparente emaranhado de argumentos, lançando mão do raciocínio matemático e expondo para os leigos os avanços da disciplina, sem os jargões próprios da área e com exemplos sucintos e casos históricos engraçados
ELLENBERG, Jordan. O poder do pensamento matemático: a ciência de como não estar errado. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
O mundo é mais complexo e volátil hoje do que em qualquer outro momento da história. O futuro funcionará em um sistema operacional totalmente novo. É uma grande atualização, mas vem com uma curva de aprendizado íngreme. A lógica de um futuro mais rápido derruba a sabedoria recebida do passado, e as pessoas bem-sucedidas serão as que aprenderem a pensar de forma diferente. Em Disrupção e Inovação, Joi Ito e Jeff Howe descrevem essa lógica em nove princípios organizadores para navegar e sobreviver a este período tumultuado. Seja estrategicamente abraçando os riscos em vez de mitigá-los (ou adotando o “risco acima da segurança”), seja buscando inspiração e ideias inovadoras em suas redes existentes (ou apoiar o “puxar acima do empurrar”), esse modelo dinâmico pode ajudá-lo a repensar sua abordagem sobre todas as facetas de sua organização.
ITO, Joy; HOWE, Jeff. Disrupção e inovação: como sobreviver ao nosso futuro acelerado. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017.
O livro evidencia que todos somos capazes de pensar e compreender desde as questões mais corriqueiras de nosso dia a dia até as maiores abstrações que a mente humana pode alcançar. Conhecido por sua linguagem acessível e didática encantadora, o filósofo norte-americano Mortimer Adler trata filosoficamente dos mais diversos problemas humanos, tomando como base seu vasto conhecimento de literatura, história e filosofia. Adler trata de conceitos como democracia, lei, emoção e aprendizado à luz dos grandes livros e do pensamento de mais de dois milênios de civilização ocidental. Esta obra comprova que as grandes ideias são temas inesgotáveis e que elas nos transportam a uma aventura única, na qual sempre há pioneirismo a ser alcançado – e podemos atingi-lo – valendo-nos de nossa mente. Afinal as grandes ideias estão ao alcance de todos.
ADLER, Mortimer. Como pensar sobre as grandes ideias. São Paulo: Editora É Realizações, 2013.
FILMES
Você pode assistir, recomendar e debater os seguintes filmes. Liste os pontos/cenas que chamaram sua atenção e apresente o seu ponto de vista. Geralmente os insights podem surgir da discussão de pontos de vistas diferentes em relação a uma mesma cena.
O homem que viu o infinito – Matthew Brown (2015)
Srinivasa Ramanujan pode ser uma personalidade pouco conhecida para quem não estuda matemática. Este indiano pobre, sem estudos, foi responsável por revoluções na matemática abstrata, fazendo avanços consideráveis nas frações continuadas e nas séries infinitas. Em 1913, Ramanujan, um gênio da matemática autodidata da Índia viaja para a o Colégio Trinity, na Universidade de Cambridge, onde ele se aproxima do seu mentor, o excêntrico professor GH Hardy, e luta para mostrar ao mundo o brilhantismo de sua mente.
Tucker: Um Homem e Seu Sonho – Francis Ford Coppola (1988)
Na década de 1940, pouco tempo após a 2ª Guerra Mundial, Preston Tucker, um americano visionário, constrói carro muito avançado para os padrões da época. O projeto ameaça o monopólio. Ford, Chrysler e GM, com a ajuda do governo, boicotam Tucker e o levam à falência. Dos 50 carros produzidos, 45 existem até hoje. Tucker desenvolve um carro muito a frente de seu tempo. Prova disso é que o protótipo criado por ele ainda é o mesmo que serve de base para a maioria dos carros atuais.
O Segredo de Nikola Tesla – Krsto Papic (1980)
Nikola Tesla é mais conhecido pelas suas muitas contribuições revolucionárias no campo do eletromagnetismo no fim do século XIX e início do século XX. As patentes de Tesla e o seu trabalho teórico formam as bases dos modernos sistemas de potência elétrica em corrente alternada (AC), incluindo os sistemas polifásicos de distribuição de energia e o motor AC, com os quais ajudou na introdução da Segunda Revolução Industrial.” Tesla contribuiu em diferentes medidas para o estabelecimento da robótica, controle remoto, radar e ciência computacional, e para a expansão da balística, física nuclear, e física teórica. Em 1943 o Supremo Tribunal dos Estados Unidos acreditou-o como sendo o inventor do rádio.